1 ano do Miles

Há 10 messes atrás eu e meu namorado saímos de casa em direção ao canil municipal, depois de algumas semanas pensando em ter um cachorro queríamos só dar uma olhada para saber se realmente iríamos adotar. Pouco tempo depois saímos de lá com um filhote, ele tinha 2 messes e era o primeiro dia que ele estava disponível para adoção. As trabalhadoras do canil falaram que foi destino. No último dia 18/03 meu pequeno completou um ano de vida, um ano cheio de emoções e em sua homenagem eu vou escrever como foram esses últimos 10 messes com ele. Quando vimos Miles pela primeira vez, ele estava pulando em cima da mãe, que parecia estar de saco cheio, mas nos apaixonamos imediatamente. Embora tenhamos tido muita dó de separá-lo da mãe, meu namorado achou que seria uma ótima ideia adotar um filhote para podermos ter a experiência completa. Ele nem sabe o que desejou.

Miles chegou em casa cheio de medo e se escondeu em um canto da parede, demorando alguns minutos para se mover. Demorou alguns dias para ele se adaptar, mas me lembro do susto que levei quando ele soltou seu primeiro latido. Atualmente ele é um cachorro comunicativo que adora ladrar e tem um latido alto demais para o tamanho dele.

Já na primeira semana, percebi que Miles se coçava demais, e o levamos ao veterinário do canil, que o tratou com uma injeção anti-alérgica. No entanto, depois de um tempo, ele voltou a se coçar muito e, posteriormente, foi descoberto que ele tinha alguma alergia alimentar. Como era muito jovem para mudar para uma ração hipoalergênica, passou a tomar banho com shampoos especiais duas vezes por semana e a tomar suplementos alimentares por dois meses. Porém, eu estava convencida de que era o frango da ração o motivo da alergia, e então trocamos a ração para uma de salmão, e algum tempo depois ele melhorou. Atualmente, nem precisa mais dos banhos.

Mas o maior susto aconteceu quando ele tinha 6 meses. Estávamos levando-o para passear quando encontramos um casal com um filhote de cachorro no colo, que parecia ter sido abandonado ali. Nos oferecemos para ficar com ele, mas eles decidiram mantê-lo. Esse foi de dia de maior sorte desse filhote, foi adotado e se livrou de ficar doente.

O passeio foi normal, mas quando chegamos em casa, Miles começou a vomitar e a ter diarreia, além de tremores musculares involuntários. Eu já vi o Miles vomitar incontáveis vezes, por diversos motivos diferentes, mas aquela vez era diferente. Ligamos para a veterinária, que tem um serviço de emergência, e depois de muitos testes e perguntas, descobrimos que ele tinha parvovirose, mesmo sendo vacinado. Para quem não sabe, a parvovirose é uma doença altamente agressiva que afeta o sistema digestivo dos animais e é altamente letal. Lembro-me da veterinária falar sobre a possibilidade dele morrer, e eu entrei em pânico, pensando que aquela seria minha última noite com ele. Ficamos com ele até as 4 da manhã, até ele se estabilizar, depois ele foi para casa com soro. Tivemos que ficar revezando quem iria dormir para ficar sempre alguém de olho nele, isso durante todo o final de semana. Essa prática foi aplicada em casa algumas outras vezes.

Felizmente Miles é um cachorro persistente, ele se recuperou muito bem e rapidamente da parvovirose, e três dias depois já era quase o mesmo cachorro. Pensamos que ele só teria sobrevivido por causa da vacina. Messes depois vamos descobrir que o sistema vacinal dele foi aplicado de forma equivocada, por causa de uma nova suspeita de ter parvovirose, e agora ele está sendo revacinado.

Acho que já está bom de falar das doenças dele, porque acredite tem mais, vivemos no veterinário com ele. Imagina você adotar um vira-lata em um canil municipal e ele ter alergia alimentar e um estômago super sensível. Quando Miles não está doente, ele está estragando coisas na casa, ele tem mais energia do que podemos lidar. Nada, absolutamente nada, poderia nos preparar para a experiência de tê-lo em nossas vidas, mas mesmo assim, não nos arrependemos.

Como poderíamos viver sem sermos acordados de madrugada com ele tentando se enfiar debaixo das cobertas e depois usando nossas costas como apoio, quase nos derrubando da cama? Como viveríamos sem suas lambidas de bom dia, suas mordidas nos pés enquanto estamos colocando meias, ou sem ele pulando em cima de nós toda vez que nos sentamos no sofá?

E não podemos esquecer da carinha que ele faz sentado ao nosso lado enquanto comemos, e as vezes pulando constantemente ao nosso lado. Sem ele, não teríamos as reboladas e abanadas de rabo quando chegamos em casa, ou simplesmente depois de um tempo sem vê-lo, mesmo quando estamos em casa. Enfim, amamos nosso pequeno, e este é apenas o primeiro de muitos anos que teremos juntos. Com ele, nossa vida nunca mais será entediante e sempre é cheia de surpresas - algumas nem sempre boas, mas assim é a vida.